Hoje em dia, muitos problemas ambientais acabam sendo precipitados em decorrência das ações humanas. Em vista disso, são realizados muitos debates, conferências e discussões sobre essa temática. Nesse contexto, a sustentabilidade é vista como uma das maneiras possíveis de reduzir os impactos humanos ao meio ambiente.

Muitos setores do mundo dos negócios conseguiram com facilidade adaptar os seus processos de produção para contemplar a sustentabilidade. No entanto, outros ramos enfrentam sérias dificuldades para diminuir as taxas de poluição em sua indústria, sendo esse o caso da indústrias têxteis.

Frente a essa problemática, o presente artigo irá te auxiliar a buscar soluções para esse problema. Para isso, você irá conhecer alguns processos industriais poluentes no ramo da moda, posteriormente, você entrará em contato com o conceito de sustentabilidade, assim como, tomará nota sobre os desafios para as confecções, também e, por fim, entenderá quais são os impactos da sustentabilidade sobre as marcas. Vamos lá?

Antes de tudo, onde está a poluição na indústria têxtil?

Como você deve imaginar, para que uma peça de roupa chegue até o consumidor final ela passou por inúmeros processos. Desse modo, ao analisar a linha de produção é possível notar os momentos, em que, é possível ocorrer eventos de  poluição. 

Ademais, vale destacar que, nem todos os casos evidenciados nesta seção acontecem com todas as confecções. Afinal de contas, existem grandes marcas que conseguiram buscar e implementar alternativas ecológicas para minimizar os danos à natureza.  

De acordo com Michele Toniollo, Natália Piva Zancan e Caroline Wüst, a emissão de poluentes e a contaminação da natureza pode ocorrer desde o plantio da matéria prima para o desenvolvimento do tecido, até o momento em que o consumidor adquire a peça de roupa. Como isso? Você vai ficar sabendo agorinha!

O algodão é uma das matérias primas primordiais para a moda. Até mesmo por que, muitos tecidos possuem algodão em sua composição. Como o algodão é originado da natureza, ele precisa ser plantado, colhido e passar por alguns procedimentos até que se torne o tecido. 

Assim como qualquer outro produto da lavoura, o algodão também recebe vários agrotóxicos em volumes elevados. Desse modo, o ar, a água e o solos acabam contaminados por esses aditivos químicos. Além do mais, o responsável pelo plantio também pode desenvolver deficiências pelo contato constante com os venenos agrícolas.

Outro caso de poluição acontece durante os métodos de coloração dos tecidos. Por exemplo, ao tingir o algodão, que é branco, para outras cores e tonalidades, é possível prejudicar distintos seres. Veja bem. Os corantes são compostos por  ácidos, sólidos solúveis e complexos tóxicos. Assim sendo, quando entra em contato com o meio ambiente, os corantes podem contaminar os recursos hídricos, prejudicar a eficiência da fotossíntese e, até mesmo, causar câncer de bexiga e fígado, se ingerido por humanos.

Para mais, você já parou para refletir sobre quantas etiquetas e sacolas plásticas são descartadas inconscientemente após a compra das roupas? Com certeza, esse número deve ultrapassar a casa dos milhões. Contudo, o problema se concentra na seguinte questão. Será que todas as regiões possuem recursos e tecnologia para tratar esse lixo de forma adequada?

Frente ao apresentado, confira, a seguir, dois dados relevantes sobre o desperdício nas confecções. Ambos os dados foram levantados pelos autores já citados. Observe:

  • Durante a etapa de fiação do algodão é perdido 5% da matéria total do produto inicial;
  • No decorrer do processo de tecelagem, 15% da matéria base é extraviada.

O que é sustentabilidade?

A partir dos estudos de Jessica Roso Mehler é possível extrair o seguinte conceito de sustentabilidade: equilíbrio entre as necessidades da sociedade atual sem comprometer os recursos que estarão disponíveis para as próximas gerações, bem como, a realização da manutenção da vitalidade ambiental.

 

Desafios enfrentados pelas confecções

Como é de se imaginar, muitas empresas não possuem capital suficiente para investir em novas tecnologias ecológicas. Todavia, existem marcas que possuem recursos para adquirir inovações, entretanto, não querem abrir mão de suas margens de lucro.

Além da questão orçamentária, existe a questão acerca da mão de obra. Infelizmente, pequena parte do percentual total de costureiras de confecções possui profissionalização na área. Desse modo, muitos empreendedores optam por manter o lucro à custear workshops e investir em conhecimento para que os seus funcionários saibam operar máquinas com maior rendimento e, consequentemente, minimizar os desperdícios. 

 

Impactos da sustentabilidade sobre as marcas

Em entrevista com o professor mestre em Design de Moda, Diogo Roberto Conceição da Silva, explicou-se como a sustentabilidade pode impactar diversos setores da indústria têxtil. 

Diogo mostrou muitos cenários em que os impactos são sentidos, como a procura pelas peças de determinadas marcas, a influência sobre o preço dos produtos e a interferência pela contratação de profissionais.

“As marcas, principalmente hoje, estão buscando o Eco Fashion, que é um movimento que dá visão a poucos resíduos e a baixa química. Contudo, são apenas as grandes marcas que buscam esse produto. No entanto, esse tipo de produto é muito mais caro. Imagine, desde o algodão é plantado com menos químicos e de forma mais natural, haverá menor disponibilidade de matéria prima. Então, isso acaba influenciando o aumento do preço.”

Como você pode ver na fala do designer, infelizmente, os preços das vestimentas acabam aumentando em decorrência da menor existência de matéria prima. Entretanto, muitas marcas possuem um público alvo que não é suficientemente abastado para poder adquirir peças com um valor mais elevado. Então, as marcas encontram-se em um dilema “manter o desperdício e os clientes ou diminuir o desperdício e perder clientes?”.

Posteriormente, Diogo adicionou “Grandes empresas da alta costura, como Versat, Chanel e Armani se preocupam muito com a ecologia. Tanto é que, a Versat não usa nem mais pele natural. Mas, isso é por que o público não se importa de pagar o preço que for.”, enfatizando o que foi explicado no parágrafo anterior.

 

REFERÊNCIAS:

MEHLER, J. Desafios da Indústria Têxtil e as Demandas de Sustentabilidade. Diálogos Interdisciplinares, São Paulo, v. 2, n. 2, 2013. Disponível em: https://revistas.brazcubas.br/index.php/dialogos/article/view/19. Acesso em: 29 out. 2020.

TONIOLLO, M; ZANCAN, N. P; WUST, C. Indústria têxtil: sustentabilidade, impactos e minimização. In: Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. 6 ., 2015, Porto Alegre. Anais […]: Sertão: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, 2015. Disponível em: http://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2015/V-029.pdf. Acesso em: 29 out. 2020.